Se tivessem acreditado na minha brincadeira de dizer verdades teriam ouvido as verdades que teimo em dizer a brincar, falei muitas vezes como um palhaço mas jamais duvidei da sinceridade da plateia que sorria. Charles Chaplin

Tornámo-nos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos. Antoine de Saint-Exupéry

A cabeça que se não volta para os horizontes sumidos não contém nem pensamento nem amor. Victor Hugo

Não importa o que fizeram connosco, importa o que fazemos com aquilo que nos fizeram. JP Sartre

terça-feira, 13 de agosto de 2024

talking to myself

as viagens para e do trabalho têm muitos modos, reflexão, desespero, boa disposição... 

quase dois meses sem antidepressivo, dois meses a descobrir como é estar de bem comigo: 
a não reagir a quente a algo que me tiraria do sério, descobrir o mood não me vou incomodar com isso, há-de resolver-se, e seguir sem aquela situação a bombardear-me a cabeça e a deixar-me un petit peau fou
a gostar de fazer coisas sozinha, estar bem e andar bem só, aceitar que tenho gostos diferentes das minhas pessoas e que isso é perfeitamente normal e não me pode impedir de ir onde quero. sentir que onde antes havia medos (sozinha não vou) pode haver entusiasmo (vou sozinha, vai se uma experiência boa);
a olhar para mim e gostar do que vejo, da minha aparência. esta foi a de mais difícil interiorização! sentia-me um pouco tontita, fútil! mas, um dia ao olhar para uma foto da minha cara (com quem eu sempre tive uma relação muito difícil) e a achar-me bonita (hard do say) percebi que a beleza que eu agora vejo não está nos traços do meu rosto, tem antes a ver com um brilho que emanava dele, e esse só existe porque me sentia leve e de bem comigo 

tudo se relaciona, efectivamente, com o nosso estado de espírito, o que vai na nossa mente! antes, mesmo nos meus momentos felizes eu tinha sempre uma nuvem interna a assombrar-me. talvez uma pequena nuvem já viesse de origem, mas a infância feliz não a deixou fazer sombras, com o início da idade adulta a nuvem cresceu e começou a ensombrar mais e mais cada vivência minha;
o antidepressivo desfez a nuvem e passados dois anos de toma, vivi dois meses como se a minha mente tivesse sido sempre ensolarada!

ontem na viagem de regresso a casa senti que a nuvem estava lá, sentia o seu peso. e assim foi, começou uma tristeza súbita, um desencanto com a vida, pensamentos negativos, vontade de ficar a hiperpensar cosias más, pouca tolerância a comportamentos de pessoas a quem normalmente tolero muito, o incómodo em ouvir pessoas a falar e a hipersensibilidade aos sons. um peso na cabeça que me faz querer estar só, me leva para a cama e faz com que as refeições não se façam!
há muito não me sentia assim, não quero voltar a ser assim! já andava a interrogar-me quanto tempo conseguiria estar bem sem o antidepressivo, parece que dois meses é o meu tempo de vida limpa!

o que mais me incomoda é que não houve um gatilho, algo a que eu possa atribuir esta mudança, foi repentina, estive todo o dia bem e do nada quando entrei no carro para sair do trabalho já sentia o peso da mudança que aí vinha!


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