Ter a minha casa não é, nem nunca foi uma ambição, tenho o
sonho fútil de ter um quarto de vestir, o local sagrado onde distribuo a minha “ropinha”
e calçado, por estação, tipo, cor e sei lá mais o quê! E deixem-me que vos diga
que os meus desejos fúteis de gaja ficam-se por aí, não desejo carteiras chanel
nem nada do género!
Quanto a ter uma casa, acho estranho que todos queiram “criar” o
seu espaço, e deixem abandonadas as casas dos pais, quando as há claro. No caso
dos meus pais foi com muito esforço que a construíram, é bastante modesta, mas é
a nossa herança, como poderíamos trocá-la?
Na família da minha cunhada havia a tradição de o irmão mais
novo ficar como herdeiro da casa dos pais, quando comecei a conviver com ela e
soube, confesso ter achado estranho. Agora aprecio bastante a ideia, desta
forma a casa dos pais fica na família de geração em geração, pelo menos em princípio.
Dá-me imensa pena olhar para a casa da minha avó materna, minha
segunda mãe, e vê-la a degradar-se, não estando habitada é inevitável. A casa
só tinha um quarto e os meus pais, com três filhos, tiveram de construir uma
para nós. A casa da segunda mãe, é um lugar onde me sinto tão em casa, fui tão
feliz lá, durante a minha infância e adolescência, sempre amei a minha avó
incondicionalmente e ela amava os netos mais que tudo, aquela casa parece ainda
ter o cheiro dela, tenho pena não ter euros para a reconstruir…
Nesta época em que as finanças dos portuguesinhos, pelo menos de
alguns, andam por baixo, é uma boa altura para recuperarmos a vida da casa dos
pais. Isto é, se ainda não o tiverem feito, e se houver essa possibilidade.
E com a dinheirama que se gasta a comprar casa, não é melhor
viajar? Conhecer o mundo, viver a vida. Vida é o que experienciamos, as casas ficam
cá quando partirmos…
Sem comentários:
Enviar um comentário
Partilhem, que partilhar tem graça! Façam o favor de me roubar sorrisos...