Se tivessem acreditado na minha brincadeira de dizer verdades teriam ouvido as verdades que teimo em dizer a brincar, falei muitas vezes como um palhaço mas jamais duvidei da sinceridade da plateia que sorria. Charles Chaplin
Tornámo-nos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos. Antoine de Saint-Exupéry
A cabeça que se não volta para os horizontes sumidos não contém nem pensamento nem amor. Victor Hugo
Não importa o que fizeram connosco, importa o que fazemos com aquilo que nos fizeram. JP Sartre
quando esta música foi lançada era eu uma adolescente, desde então faz parte das favoritas, mas só anos mais tarde descobri o quanto a letra diz de mim.
Excuse me, guess I've mistaken you for somebody else, Somebody who gave a damn, Somebody more like myself
aproxima-se o natal, é impossível não o notar, nas decorações, nas músicas, nas conversas, nos almoços/jantares, na enxurrada de publicidade. eu não gosto do natal, mexe comigo, a sua aproximação traz as melhores e as piores lembranças, traz a certeza que nunca mais poderá haver a mesma alegria porque a voz, o sorriso, a energia, a doçura, a simplicidade do nosso Pequeno Príncipe já só existem em lembrança, traz a dor imensa de saber que ele não viveu o natal pelo qual andou a ansiar oito meses, e começam as noites mal dormidas, as crises de ansiedade, as variações de humor, e a irascibilidade que acaba sempre por atingir quem me quer bem.
dizem que tenho de superar, que ele ia querer que estivesse bem, mas eu não consigo, e não quero conseguir, quero mantê-lo vivo em mim, e se para isso for preciso algum sofrimento que seja, eu aguento, afinal estou viva, afinal continuo a sorrir, a cantar, a sonhar... o que ele queria era viver.
sei que não é só difícil para mim, sei que dói igualmente a quem o ama tanto quanto eu, sei que só eles compreendem verdadeiramente a dor que eu sinto, mas por não os querer ver sofrer guardo, finjo-me de forte, prendo as lágrimas, mas elas querem sair, e agora é só isso que tenho vontade de partilhar, lágrimas...
Assim que vi este livro exposto, e apesar de ser o primeiro contacto com a sua existência, comprei-o. E foi uma boa decisão, gostei de o ler, gostei de ler a Simone da mesma forma que gosto de a ouvir. Simone de Oliveira é uma senhora por quem nutro um enorme apreço, podia tecer-lhe muitos elogios, mas vou apenas referir-me ao agrado que sinto pela forma como ela não tenta mascarar a passagem do tempo. Cada um é livre de fazer do seu corpo o que quer, sou a primeira a dizer que devemos fazer tudo o que esteja ao nosso alcance para nos sentir-mos bem, desde que não prejudiquemos outrem, claro está. No entanto confesso que uma das coisas que me "incomoda" na nossa sociedade, especialmente nas mulheres, é a importância exagerada que dão à lisura da pele, que importam as rugas? Elas são o sinal que o tempo passou por nós, são sinal que nos foi dada a oportunidade de viver, ter rugas é um privilégio, um privilégio negado a muitos... Diz a Simone:
Estou bem para a minha idade? Sim. ... Estou bem por não ter deixado que o mundo me mudasse, deixar de ser quem sou. ... Sou uma pessoa com setenta e cinco anos, uma mulher com graça, simpática. Não sou o que fui, e ainda bem, caso contrário, andava a combater a luta inglória da inevitabilidade biológica.
da banda que muito me acompanhou nos vinte - Metallica
The Unforgiven
What I've felt
What I've known
Never shined through in what I've shown
Never be
Never see
Won't see what might have been
The Unforgiven II
Lay beside me, tell me what they've done
Speak the words I wanna hear, to make my demons run
The door is locked now, but it's opened if you're true
If you can understand the me, then I can understand the you
À volta de uma revistas cor-de-rosa onde aparecia
o par José Castelo Branco e a sua (semi-viva ou semi-morta) Betty, oiço
comentar:
- Quando ela morrer ele fica sem nada. A fortuna
da Betty vem do Frankenstein, com quem ela casou nos Estados Unidos, quando ela
se for ele fica sem nada, são casados com separação total de bens.
WTF?!?!
Não sabia que a sr.ª Betty Grafstein era viúva do
Frankenstein (a criatura), mas que deviam fazer um par bonito, não me restam
dúvidas. :P E, assim sendo, fiquei a compreender o amor
que a une a JCB, tem um fascínio por criaturas, só pode. :P
Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento...
Mas eu que nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...
E aqui a croma escreve "blá blá virgule, blá blá virgule, blá blá" e
às tantas começa a intrigar-se porque raio está a professora a ditar tão
rápido, e como raio os colegas estão a conseguir acompanhá-la?! E só aí se deu
o clic no seu cérebro descompensado Porra não é para escrever virgule é
só para usar o sinal de pontuação.
Eu não fiquem a pensar coisas menos agradáveis sobre mim, era aluna de cinco. Verdade, verdadinha.
Hoje partilho uma música que me é muito, muito querida, por ser parte de um filme que me foi dado a conhecer por uma pessoa muito, muito especial.
O Corcunda de Notre Dame tem como personagem principal Quasimodo, o corcunda. Quasimodo mostra um monstro, mas o seu interior é de uma beleza e nobreza imensas. Quasimodo não se ama, nem se acha no direito de ser amado, também eu em tempos não me amava, e achava não ser possível ser amada.
Um dia uma pessoa disse-me que o filme era belíssimo, deveria vê-lo. Foi uma daquelas pessoas que não dizem muito, mas que com olhares, gestos e atitudes nos mostram o quanto gostam de nós, daquelas que mesmo conhecendo o nosso lado mais escuro não o deixam toldar-lhes os olhos do coração, daquelas que nos demonstram que somos capazes de despertar os mais belos dos sentimentos.
E eu fui ver o filme, e chorei, chorei, e percebi a mensagem, não só a do filme, mas a da pessoa.
É fácil ver com os olhos da mente, difícil é ter a sensibilidade de se deixar encantar pela beleza escondida atrás da aparência, dentro do Quasimodo. Talvez por nunca ter tido grande auto-estima, por me achar diferente, desinteressante, incapaz de despertar amor genuíno, sempre tive grande empatia por esta personagem, e pelos muitos Quasimodos desta vida. Pessoas maravilhosas que se escondem atrás dos que as aparências mostram, atrás das barreiras que os seus medos lhe criaram. Infelizmente, nem todos os Quasimodos têm a sorte que eu tive, encontrar uma pedra preciosa que lhes faz ver que, também eles são preciosos, também eles têm brilho, um brilho muito mais encantador, um brilho que não é efémero, o brilho da nossa essência.
Nova rubrica aqui do cantinho, porque eu ADORO animais, porque os animais não fingem, não enganam, não manipulam, SÃO LINDOS e merecem que partilhemos a sua beleza. :)
Já vi ao vivo no Zoo de Lisboa, são lindos, mas muitos esquivos. :(
Hesitei em escrever ou não este post, mas criei o blogue para dizer de mim sem amarras, e é esse o caminho que quero continuar a seguir.
O dia 4 de Novembro de 1981 foi, não tenho dúvida, um dia muito feliz para a minha mãe, o dia em que trouxe ao mundo o seu terceiro filho, a Canca. Mal sabia ela a rebelde que ali vinha, mal sabia ela o quanto iria arreliar-lhe o juízo, o que suspeito que ela sabia é que se havia de orgulhar daquela menina.
O dia 4 de Novembro de 2004 foi o último dia de vida da minha mãe. As últimas palavras da minha mãe, antes de se deitar para a sua última noite, tinham-me no pensamento. Amanhã é o aniversário da Canca, temos de lhe ligar. Eu morava a mais de 200 km de casa, e quando o telemóvel tocou por voltas das 7 da manhã, esperava tudo menos aquela notícia
Não vou mentir, eu e a minha mãe nunca tivemos uma relação cúmplice, como a que tinha com a minha irmã, não lhe confiava segredos, não lhe contava as minhas maiores aspirações, não porque não a amasse, não porque não acreditasse que me amava, mas porque a sabia muito diferente de mim, uma mulher criada em outros tempos, com uma visão do ser mulher baseada na educação que recebera.
No dia em que o corpo da minha mãe nos deixou, eu completava 23 anos, era muito verde, sabia muito pouco da vida, e estava na idade de achar que sabia tudo. Passados nove anos compreendo-te melhor mãe, hoje eu gostava tanto de poder falar contigo, de te dizer que sei só querias o melhor para nós, só querias que fossemos felizes. Que sejas muito feliz minha filha. Foram estas as últimas palavras que ouvi da tua voz, será que pressentias que era a nossa última despedida? Passados nove anos o vazio é ainda maior mãe. Espero que tenhas orgulho desta rebelde que acalmou, e não teve oportunidade de te dizer o quanto te ama.
Ontem à noite, depois de estacionar o carro, diz-me a mana:
- Sabes o que estava ali?
- O que era?
- Um Ouriço. O pensamento trágico na minha cabeça - acabei de o esmagar com o pneu - foi interrompido pela continuação da fala. Acho que se escondeu.
Fomos procurar e lá estava ele, não se tinha escondido e nem sequer se enrolou. Ainda lhe fiz uma festinha nos picos, e tentei tirar uma foto, como estava muito escuro não consegui. Impossível não me lembrar de ti ABT.
Antes de entrar no portão de casa, diz a mana:
- Olha outra vez um daqueles bichos, blhac, já ontem tinha visto duas. E afasta-se do animal.
- Deixa lá é apenas uma Salamandra, não faz mal a ninguém, é fruto do tempo.
- Sabes bem que as acho nojentas.
Tal como a nossa mãe achava. Impossível não me lembrar de ti mãe.