“Todos vêem o que pareces, poucos percebem o que és.”, disse, e
muito bem, Maquiavel. E o que somos afinal?
Olhando para trás, passados mais de dez anos desde que saí de
casa pela 1.ª vez, quando entrei na Universidade, mudei tanto, tinha em mim
tanto de inocência…
Os anos que passaram, as vivências, algumas bem dolorosas,
outras muito, muito felizes, fizeram de mim a pessoa que sou hoje, nem melhor,
nem pior, diferente sem dúvida nenhuma, mais madura, e menos crente, no ser
humano, e no efeito boomerang das nossas acções….
Somos fruto do tempo em que amadurecemos, mas qual fruto, a
nossa essência está nas sementes, se não forem boas, por muito que as condições
nos sejam favoráveis, nunca havemos de ter um sabor agradável…
Muito de mim, da minha essência, da minha índole, herdei, com
muito orgulho o digo, do meu pai. O meu rosto não engana, é a versão feminina dele,
o meu feitio uma cópia quase perfeita. O bom coração, a vontade genuína de
ajudar os outros, mesmo que fiquemos prejudicados, a forma muito contida de
demonstrar afecto, pese embora o coração cheio de sentimentos bons, a dedicação
à família, a resmunguice quando algo foge do nosso controle, até os nossos
cheiros são semelhantes…. O meu pai mantém, no entanto, algo que tem vindo a
desvanecer em mim, a capacidade de crer, desacreditei de fés pregadas por
homens, de filosofias políticas, de boas intenções sem actos condicentes, ele
por seu lado mantém essa capacidade. Critico-o muitas vezes por ser assim -
ainda acreditas no Pai Natal -, admiro-o no fundo, porque é aí que vai buscar a
força de continuar…
Como ele sempre fui parca a falar de mim. Dá-me enorme prazer ser
confidente, como disse aqui, sentir que depositam em mim confiança é motivo de
orgulho maior. Guardo no meu coração, com grande carinho, aqueles que me deram
a honra de partilhar comigo, bocados deles, talvez alguns nem saibam a felicidade
que esses momentos me transmitiram…
O fim de 2012, assinalou uma mudança, a vontade de falar de mim,
de expor tudo o que julgo ser, tudo o que sinto… Há coisas que nunca disse, não
porque não confie em ninguém, confio em várias pessoas, sei que gostam de mim,
são meus amigos, mas nunca me senti à vontade para dizer de mim, olhos nos
olhos, pensava não ser uma pessoa suficientemente interessante… até ao dia, em
que não sei porque motivo, precisei dizer tudo, não me quiseram ouvir… talvez
nada aconteça por acaso… encontrei um blogue que me inspirou, a ideia começou a
crescer, e apareceu o Partilhar é bom…
Partilho um pouco do que sou, e tenho defeitos, muitos, um deles, talvez
o maior, é ser preguiçosa, muito preguiçosa… eu sou assim…
“Todos vêem o que pareces, poucos percebem o que és.”,
ResponderEliminarÉ tão isto...às vezes nem nós própios sabemos o que somos...quando somos capazes de coisas que nunca imaginamos ser (para o bem e para o mal)...
Verdade, conseguimos surpreender a nós mesmos, em situações extremas, todos somos capazes de actos impensáveis. Mas no dia-a-dia há pessoas que podiam conhecer-nos tão bem, e no entanto parecem não saber nada de nós...
EliminarBjs