(22/02/2014 a 01/03/2014)
Um relato incrivelmente racional da vivência dos prisioneiro no campo de concentração de Buna, um dos três que constituíram o complexo Auschwitz-Birkenau. Tudo é relatado de forma nua e crua, concreta, com uma enorme capacidade de analisar os comportamentos próprios e de todos com quem o autor se cruza. Repleto de conteúdo e ao mesmo tempo vazio, vazio de emoção. Mais que dar a conhecer as atrocidades que se cometeram nestes campos de terror, Primo Levi pretendeu, na minha opinião, mostrar-nos as transformações que estes lugares operavam, para continuar a viver era preciso abandonar muito do que lá fora definia os Homens, era preciso deixar o sentir e transformar-se em máquina de sobreviver.
pág. 78
Ao cair do Sol, toca a sirene do Feierabend, do fim do trabalho; e, estando todos saciados pelo menos durante umas horas, não surgem discussões, sentimo-nos bons, o kapo não é levado a bater-nos, e estamos em condições de pensar nas nossas mães e nas nossas esposas, o que habitualmente não acontece. Durante umas horas, podemos ser infelizes à maneira dos homens livres.
pág. 156
A notícia (da libertação do campo) não provocou em mim alguma emoção directa. Já há muitos meses que deixara de conhecer a dor, a alegria, o medo, a não ser daquela forma desligada e longínqua que é característica do Lager, e que se poderia chamar condicional; se tivesse agora - pensava - a minha antiga sensibilidade, este seria um momento extremamente emocionante.
NUnca li. Mas deve ser interessante,
ResponderEliminarGostei bastante, é um relato muito lúcido.
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Penso que será bastante interessante esta escrita, na medida em que se procura relatar um acontecimento monstruoso sem os sentimentos que lhe estão inevitavelmente inerentes... Um desafio!
ResponderEliminarPenso que o autor soube mostrar a diferença entre o que sente cá fora, como Homem livre, e lá dentro, prisoneiro da vontade de sobreviver. Uma escrita fascinante, tal como imagino terá sido Primo Levi.
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não consigo ler livros dessa intensidade, são demasiado reais e cruéis
ResponderEliminarSão reais, a realidade nem sempre é doce, sem dúvida que os prefiro às leituras ficcionadas. Aprecio histórias de vidas reais, e entre os livros que mais me marcaram estão quatro histórias de pessoas que viveram o Holocausto.
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É um livro marcante. Li-o há uns anos e foi um desafio lidar com tantas emoções que o livro nos provoca!
ResponderEliminarBjs
Marcante sem dúvida, já faz parte dos meus mais marcantes. :)
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Imagino que seja uma leitura pesada, difícil. Não se pode ler com qualquer estado de espírito. Notei isso com o Diário de Anne Frank, se o lia num dia menos bom, acabava o dia deprimida e a chorar. Este livro parece-me um desses.
ResponderEliminarbeijinho
É um estilo de escrita totalmente diferente do da Anne Frank, mas igualmente marcante. Impossível ficar indiferente a qualquer um dos dois.
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