Se tivessem acreditado na minha brincadeira de dizer verdades teriam ouvido as verdades que teimo em dizer a brincar, falei muitas vezes como um palhaço mas jamais duvidei da sinceridade da plateia que sorria. Charles Chaplin

Tornámo-nos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos. Antoine de Saint-Exupéry

A cabeça que se não volta para os horizontes sumidos não contém nem pensamento nem amor. Victor Hugo

Não importa o que fizeram connosco, importa o que fazemos com aquilo que nos fizeram. JP Sartre

domingo, 12 de abril de 2015

confiança: crença na retidão moral, no carácter e na lealdade de uma outra pessoa

ninguém é totalmente bom, nem totalmente mau. por mais que gostemos de alguém, é da natureza humana encontrar defeitos no outro. em alguns esta característica - o dom de apontar o dedo porque eu sou o dono da razão - é dominante, noutros é inexistente, noutros um meio-termo. julgo encaixar-me nos últimos, esforço-me por não valorizar o que acho menos bom, especialmente quando há algo de muito bom. o muito bom para mim chama-se lealdade.
 
perceber que aquele alguém em quem confiei plenamente, que esteve presente em muitos momentos difíceis da minha vida (dizem que é nessas alturas que se conhecem os amigos. dizem, eu costumava acreditar, começo a duvidar!) me foi desleal é deprimente. levanta o véu da descrença. como é que alguém, que nos é tão próximo (haverá proximidade maior que a confiança?), pode agir de forma tão leviana connosco?
 
para mim há uma ética das relações, algo que define a forma como me relaciono com os outros. nunca falei sobre isso com ninguém, sempre achei que era o lógico, e sempre julguei que as pessoas em quem aprendi a confiar (sim, porque a confiança vai-se construindo) seguiam os mesmos princípios. afinal estava errada.
 
não comento apesctos menos positivos da vida de ninguém a não ser com pessoas em quem confio, e quando digo confiar, quero dizer ter a certeza de que o privado partilhado assim se manterá. 
tenho uma espécie de hierarquia de confiança, definida pelo nível de similaridade entre a minha personalidade e a do outro. há aqueles com quem falo abertamente sobre tudo, porque sei que mesmo não concordando me vão ouvir tentando ver o meu lado. há aqueles com que só falo de determinados assuntos, porque sei que têm uma visão diferente da minha e  a vida não os ensinou a ver de outros ângulos. por aceitar e respeitar a sua maneira de ser aprendi existirem caminhos por onde não vale a pena ir.
ao apontar aspectos menos positivos não o faço (julgo) de uma forma negativa. faço-o argumentando sobre o porquê de achar determinado comportamento errado, tendo em conta a minha perspectiva da realidade. cada um vê com a mente que tem.

por me reger por estes princípios, pessoas que utilizam como tema de conversa, com fulanos, sicranos e beltranos,  situações de vidas alheias - melhor dizendo, interpretações levianas destas -,  das quais só tiveram conhecimento por lhes ter sido dada a partilhar da intimidade que só aos amigos se dá. pessoas assim causam-me uma enorme tristeza. só podem ser pessoas ocas de razão e vazias de sentimentos. 
 
ter confiado e defendido (de supostas calúnias) uma dessas pessoas, primeiro deixa-me profundamente desiludida. segundo leva a que me adjective de inocente, crente, burra, totózinha. terceiro, e à terceira é que é, faz-me perceber que a errada não sou eu por confiar. errado é fingir que se é amigo de alguém e trair a sua confiança. errado é ter sempre palavras amigas que são apenas frases feitas. errado é apontar o dedo ao outro para mascarar a nossa própria falta de carácter. errado é não saber aprender nada com o tempo que nos é dado para viver.

2 comentários:

  1. Por vezes as pessoas desiludem-nos, pensamos que são como nós, mas não...

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    1. É verdade, infelizmente as pessoas não trazem rótulos, nem símbolos de risco. :( Talvez, só as cicatrizes sejam capazes de tornar a pele que nos protege mais resistente...

      Beijos

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