Em reposta ao desafio da querida
Esqueci-me de Viver, não era este o rumo que eu pensava estar a seguir quando comecei a escrever, mas este é o meu rumo, o meu porto seguro, e mesmo sem me aperceber é para lá que me dirijo sempre.
Eu...
1,53 m de altura.
A mais nova de três irmãos, um
rapaz e duas raparigas.
Incrivelmente parecida com o pai,
no rosto e na maneira de ser.
Perdi a minha mãe no dia em que
se completavam 23 anos que ela me tinha dado à luz, uma dor imensa. As últimas
palavras que a minha mãe me disse foram “que sejas muito feliz minha filha”, eu
não sabia que nunca mais iria ouvir a tua voz, saudades sempre.
A minha mãe foi educada para ser
mãe e dona de casa, era uma pessoa conciliadora e totalmente dedicada à
família, muitas vezes tivemos atritos de mãe e filha. Eu a filha rebelde que
ansiava por independência, ela a mãe galinha que, tinha medo que eu me magoasse
no caminho. Na altura não a compreendia, hoje compreendo-a tão bem, amo-te
muito, gostava que visses a mulher em que me tornei, estás comigo hoje e
sempre, eu sei.
Tive duas mães, a segunda mãe, a
minha avó paterna, era a pessoa mais altruísta que eu conheci, herdei felizmente
um pouco desse teu valor. Foste sempre uma grande companheira, apesar de me
lembrar de ti sempre com mais de 80 anos, tinhas uma mente aberta, ouvias-me e
sabias-me compreender, e eu era só uma criança, uma pré-adolescente. Recordo-me
que rezava todas as noites pedindo que não partisses, e quando de manhã chamava
por ti, o meu coração apertava-se, tinha tanto medo que não me respondesses,
ironicamente, no dia em que nos deixastes, esse medo não me assolou, soube aos
13 anos, o que era a dor de perder alguém que se ama tanto, ou mais que a nós
mesmos. Adoravas cozinhar para mim, e eu adorava a tua comida, lembras-te
quando eu quis saber se a aletria já estava sólida, virei a tigela e derramei-a
toda no chão! Estás sempre comigo, se um dia for mãe vou homenagear-te,
prometo.
Eu sou uma sortuda, tenho comigo
uma terceira mãe, a minha irmã, todo o altruísmo da avó e a dedicação da mãe
estão em ti, sei que farias tudo por mim, por nós, também eu o faria por ti,
desejo-te toda felicidade do mundo, se há pessoa que merece és tu. És sem dúvida
a minha melhor amiga, se há coisas da minha vida que te omito, é por sei que
sentirias as minhas dores como tuas, e eu só te quero bem.
Sempre foi meu sonho ser mãe,
quer biológica, quer adoptiva.
Já tive um filho, não nasceu de
mim, mas tenho a certeza que não o poderia amar mais se lhe tivesse dado a vida, o meu grande
amor.
Já perdi um filho, mesmo que não
tenha nascido de mim, não há dor maior, por ele eu dava tudo, amei e amo-o mais
que à minha vida. As maiores lições de vida aprendi-as contigo, que
vontade de viver, de aprender, de ser feliz, de ver o lado bom de tudo, os teus
cinco anos eram mais sábios que décadas e décadas de vida. Se estou aqui, se
sei que partilhar é bom, a ti o devo, sou um ser humano melhor graças a ti.
O privilégio de ter partilhado a
vida com o meu grande amor, devo-o ao meu irmão, nada que eu possa fazer é
suficiente para te agradecer. Temos feitios bastante incompatíveis, andámos
sempre às turras, mas eu amo-te e sei que também me amas.
Resumindo o que sou é fruto do que
herdei, e do que experienciei, tenho orgulho das minhas raízes, e sou uma “familiodependente” assumida, sem os meus não
sou nada.