Se tivessem acreditado na minha brincadeira de dizer verdades teriam ouvido as verdades que teimo em dizer a brincar, falei muitas vezes como um palhaço mas jamais duvidei da sinceridade da plateia que sorria. Charles Chaplin

Tornámo-nos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos. Antoine de Saint-Exupéry

A cabeça que se não volta para os horizontes sumidos não contém nem pensamento nem amor. Victor Hugo

Não importa o que fizeram connosco, importa o que fazemos com aquilo que nos fizeram. JP Sartre

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

acabadinho de ler


"Imagino o dia em que alguém tentará imaginar o que foi existir uma sociedade como a da Coreia do Norte."
pág. 235

A nós que vivemos em sociedades livres - embora condicionados, um condicionamento de seguir massas, de querer parecer assim ou assado, de se colar a algo com um objectivo - é difícil imaginar como é viver na sociedade mais fechada do mundo, os condicionamentos físicos, de acesso a formação, tecnologia, conhecimento, alimento, é este retrato que José Luís Peixoto nos mostra. Os Norte Coreanos vivem numa realidade paralela, parados no tempo, totalmente isolados do resto do mundo e das mudanças que ocorrem, um país de faz-de-conta, em que um homem é venerado como um Deus, quando na realidade não foi mais do que um carrasco. É como se vivessem numa redoma coberta com panos negros, e só uma pessoa tivesse fósforos que acendia a gosto, assim se vive nesta Coreia, à mercê dos caprichos de uma família no poder há décadas. Não há liberdade de contactar com estrangeiros, ouvir música estrangeira, aceder a internet, os livros e museus versam e glorificam a família no poder, a televisão tem um canal, não são raros os locais sem electricidade, bem como com água corrente (nos hóteis a água disponível era uma banheira cheia), não há lojas (o autor refere nunca ter visto um coreano a usar dinheiro), as casas são miseráveis, a agricultura é completamente rudimentar... na capital varrem-se as ruas com vassouras de palha (aposto que a maioria dos Portugueses nunca viu uma!). Como ditadura fortemente militarizada que é, esse comportamento parecer estar incutido em todos os cidadãos sendo estes ordeiros e disciplinados (o medo acarreta disto), não há muros riscados, nem lixo no chão, e além disso as ruas são extremamente seguras (pudera!).

"Se estás a ler estas palavras é porque estás vivo."
pág. 236

Assim acaba o livro e deixa-nos a pensar "estou vivo e vivo", bem diferente de estar vivo e existir, que é mais ou menos o que é permitido aos Norte Coreanos...

3 comentários:

  1. Sabes que este foi também o último livro que li. Gostei imenso e subscrevo totalmente o que escreves!
    Bons hojes! :)

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  2. ;) Este está no meu Cemitério dos livros lido, se quiseres lá passar e registar a tua opinião....;) Não foi lido por mim, foi uma partilha desse lado!:) è um mundo que nos faz a nós "europeus" muita cofnfusão e parece irreal ainda se viver assim não é? :S Eu nem consigo se quer chegar a 1 mm de proximidade, do saber o que é viver assim... preso dentro da própria vida... :(
    Beijocas

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  3. Foi precisamente essa a impressão com que fiquei depois de ler o livro. É uma realidade completamente à parte. Difícil de imaginar.

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