Se tivessem acreditado na minha brincadeira de dizer verdades teriam ouvido as verdades que teimo em dizer a brincar, falei muitas vezes como um palhaço mas jamais duvidei da sinceridade da plateia que sorria. Charles Chaplin

Tornámo-nos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos. Antoine de Saint-Exupéry

A cabeça que se não volta para os horizontes sumidos não contém nem pensamento nem amor. Victor Hugo

Não importa o que fizeram connosco, importa o que fazemos com aquilo que nos fizeram. JP Sartre

terça-feira, 12 de novembro de 2013

se eu pudesse, se eu soubesse, escreveria assim

Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento...
Mas eu que nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...

Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...

O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...

Alberto Caeiro, in Guardador de Rebanhos

15 comentários:

  1. Olá Canca,

    tenho uma má relação com o Alberto!!! No meu exame de português havia um grupo de perguntas todas relativas ao Alberto e não me perguntes porquê errei todas elas, ou estavam muito incompletas e desde esse dia que não consigo gostar do Alberto... Estou a brincar, mas passados tantos anos cada vez que leio Alberto Caeiro lembro-me do dito exame.

    "O que é preciso é ser-se natural e calmo
    Na felicidade ou na infelicidade,
    Sentir como quem olha,
    Pensar como quem anda,"

    Lindo :)

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    1. A mim Caeiro lembra-me sempre um outro poema, que ja partilhei (http://partilharebom.blogspot.pt/2013/03/olharpara-tras-e-um-exercicio-que-faco.html#comment-form), na altura adolescente achei que o homem era maluquinho, hoje compreendo-o. Ou fiquei eu também maluquinha. :P

      Beijos, muitos

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    2. A mim, no exame, calhou-me Álvaro de Campos, outro que também adoro. Correu-me muito bem. Mas Alberto Caeiro foi sempre o meu preferido dos 3. Nunca gostei tanto das aulas de português como nessa altura. :)
      Beijinho às duas

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    3. Eu tinha essa sensação em relação ao Fernando Pessoa, que ele devia ser louco e loucamente apaixonado. Hoje ao ler a "Mensagem" acho que tenho a mm opinião mas compreendo-o e admiro-o muito mais.

      Eu tive o mesmo prof de Português nos três anos de Secundário e era um péssimo prof, nunca nos motivou pra lermos, nem para gostarmos dos nossos escritores...

      Beijinhos e um bom fim-de-semana para as duas*

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    4. Eu acho que só aprendi a gostar de Pessoa quando aprendi a força que as emoções têm na nossa vida adulta.

      Beijos

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  2. Lindo!
    Sempre gostei de Alberto Caeiro e da sua ligação à natureza e ao mais real.
    Boa escolha!
    Bjs

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    1. Pessoa é maravilhoso, Caeiro é o meu heterónimo favorito.

      Beijos

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  3. Amei. :)
    Adoro Alberto Caeiro. E este poema é tão, mas tão real. :) Gostei mesmo. Obrigada.
    beijinho

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    1. Hoje também adoro Caeiro, mas nem sempre foi assim (espreita, se quiseres, a minha resposta à Carminho). :)

      Beijinhos

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  4. Belo porque de Alberto Caeiro...um dos meus preferidos.

    Beijinho

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