Se tivessem acreditado na minha brincadeira de dizer verdades teriam ouvido as verdades que teimo em dizer a brincar, falei muitas vezes como um palhaço mas jamais duvidei da sinceridade da plateia que sorria. Charles Chaplin

Tornámo-nos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos. Antoine de Saint-Exupéry

A cabeça que se não volta para os horizontes sumidos não contém nem pensamento nem amor. Victor Hugo

Não importa o que fizeram connosco, importa o que fazemos com aquilo que nos fizeram. JP Sartre

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Adopção, um gesto de amor maior

Ser mãe era o meu sonho, não só mãe biológica, mas mãe adoptiva, porque amar alguém que tem a nossa herança genética, e é fruto do nosso amor é inevitável, amar alguém que não nos é nada, é admirável. Sempre me senti capaz desses dois amores, a vida ainda não me deu esse privilégio.

Confesso que perdi um pouco a esperança, uma criança, no meu conceito pessoal de parentalidade, precisa de pais, pai e mãe. Eu ainda não encontrei o homem capaz de me amar, e de querer abraçar comigo esse sonho. Se tiver de ser, que seja…

A adopção é um gesto que me encanta, se gerar é sem dúvida maravilhoso, não é menos maravilhoso querer dar a uma criança a oportunidade de ser amada, ter uma família, ter sonhos, esperanças, deixá-la ser o que é, uma criança. Olhando para trás, sei que não há melhor altura para sermos felizes que na infância, então porque não querer fazer alguém feliz.

Depois, há pessoas que parecem não perceber o real intuito de adoptar, e confundem dar amor, com dar bens materiais. Para adoptar, o critério maior não deve ser nunca a disponibilidade económica dos adoptantes, amar e educar não dependem exclusivamente de dinheiro. Os meus pais sempre viveram apenas com o fruto do trabalho, no entanto souberam dar-nos amor e transmitir-nos valores morais, e isso é que é criar, educar. Nunca tivemos montes de brinquedos, ou outros bens compráveis, isso só nos ajudou a dar valor ao que tínhamos.

Pior ainda, são aquelas pessoas que dizem não adoptar, porque o adoptado, um estranho genético, iria ficar com o que é deles, nem merecem comentário.

Entristece-me os adoptados preferidos serem bebés de meses, loirinhos, de olhinho azul, chamo a isto preconceito, se queremos única e verdadeiramente dar amor, não pensamos assim, o amor não tem especificações. Se eu adoptasse escolheria uma criança que, teoricamente menos possibilidades tem de ser querida, uma criança mulata, com alguns anos. Seria um desafio maior sem dúvida, talvez eu não estivesse à altura, talvez por isso não me tenha sido dado esse privilégio…

A última polémica neste campo, os casais homossexuais podem adoptar? Por mim sim, sem dúvida, sendo adoptar um gesto do mais puro amor, a orientação sexual dos adoptantes não tem nada a ver com a sua capacidade de amar. Recentemente os media exploraram o caso de duas figuras conhecidas, de orientação homossexual, que ficaram com a guarda de um menor. Criança essa rejeitada pela família por ser portadora de trissomia 21. Poderemos chamar pais, a dois indivíduos heterossexuais, que rejeitam quem geraram só porque é diferente, se soubessem o que é ser pais saberiam que, esse era o motivo para amarem mais aquele filho.

Pais são os que estão dispostos a dar-se, independentemente de terem gerado, da orientação sexual, da condição económica, e de qualquer outro preconceito fútil que a sociedade queira impor. Eu penso assim…

9 comentários:

  1. Amei ler este post, porque sinto exactamente o mesmo e normalmente quando digo isto ficam a olhar para mim como se fosse maluquinha. A adoptar também preferia escolher uma criança negra e já mais crescida, concordo com o facto de o amor a uma criança adoptada, sendo verdadeiro, é mais especial e também concordo com a possibilidade de as crianças poderem ser adoptadas por casais homossexuais. A única coisa em que discordo é no facto de dizeres que a parentalidade depende de pais, no plural. É claro que dois (supostamente) fazem mais e/ou melhor que um, mas nem sempre isto acontece e há muitos casos em que pais solteiros conseguem fazer um excelente trabalho. Eu também ainda não encontrei o "the one" com quem partilhar este sentimento, mas mesmo que não o encontre acho que um dia hei-de tentar adoptar assim mesmo. É um desejo para o futuro que gostava muito poder concretizar.
    É a primeira vez que visito o teu espaço e já estou fã. :) Regressei recentemente a estas lides blogóticas depois de 3 anos em modo pause, por isso ando a redescobrir a maravilha de partilhar as nossas ideias e os nossos sentimentos. Serás bem-vinda se quiseres ir espreitar o meu espaço. Eu hei-de continuar a flutuar por aqui. :)

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    1. Olá Lilipat!

      Muito obrigada pela visita ao meu recém-criado cantinho. É sempre bom sabermos que há pessoas que partilham comigo a vontade de ser feliz, fazendo outros felizes.

      Quanto ao ponto em que dizes discordar de mim, se reparares eu escrevi, “uma criança, no meu conceito pessoal de parentalidade, precisa de pais, pai e mãe.”, eu penso assim, mas aceito e admiro muito as pessoas que assumem educar uma criança, sozinhas. Aí, além de um acto de amor, é uma demostração de grande coragem. Infelizmente, não tenho essa força. Mas admiro muito quem a tem, tens todo o meu apoio. Nada garante que, dois pais eduquem melhor que um só, o importante é querer fazer bem.

      Tenho muito gosto que continues a visitar-me, porque partilhar é bom…

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    2. É bom, sim...e havemos de continuar a partilhar :) beijinho

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  2. Adorei o texto e não tenho muitas mais palavras.
    Deixo-te os parabéns e só lamento que não haja mais pessoas que pensem assim.

    beijinhos e boa semana.

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  3. Partilhar,

    Tal como tu, além dos filhos biológicos, sempre tive a ideia de adoptar. Uma das minhas melhores amigas é adoptada e sempre tive esse exemplo perto de mim. Infelizmente as coisas não são fáceis, e se está difícil para ter biológicos, muito mais difícil está para andar anos em processos de adopção que nunca mais têm fim... E há tanta criança e tantos adultos com tanto amor para dar....

    Beijinhos grandes*

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    1. Olá Star

      Tão bom saber que há pessoas cheias de vontade de partilhar. No tempo que vivemos os sonhos estão mais difíceis de realizar, é verdade, vamos ter esperança que dias melhores virão, e havemos de dar muito, muito amor...

      Já te disse que o teu blog foi inspirador para mim, é com imenso prazer que te recebo como partilhante.

      Bjs, mts

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  4. Gostei muito do que li, cada vez te admiro mais, sei que és uma pessoa de uma sensibilidade sem igual, mas estás sempre a surpreender-me. Segue em frente, és uma grande Mulher.

    Bjs.

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    1. Aos olhos dos amigos somos sempre maravilhosos, que posso dizer... que as lágrimas que correm no meu rosto são de felicidade.

      Muito, muito obrigada, por tudo.

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Partilhem, que partilhar tem graça! Façam o favor de me roubar sorrisos...